sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Grandes obras: "Drácula" e "Anos Rebeldes"

Bram Stoker (1847-1912) é o criador genial de uma das mais famosas e horripilantes histórias de terror de todos os tempos. Baseado no folclore da Transilvânia e num personagem real (o rei Vlad, o Empalador), redigiu um relato que tem assombrado gerações consecutivas de leitores, transformando-se num mito adaptado para o cinema, quadrinhos e TV, talvez o mais significativo destes últimos dois séculos.
"Drácula" é uma história de vampiros e lobisomens, de criaturas que estando mortas permanecem vivas. É também uma história de pessoas corajosas que se lançam à destruição de uma insólita e maléfica ameaça. Como quer que seja, permanece intacta nestas páginas a mesma emoção de milhões de leitores e espectadores que penetraram na história que se inicia num castelo desolado nas sombrias florestas da Transilvânia. Lá, um jovem inglês é mantido em cativeiro, à espera de um destino terrível. Longe dele, sua noiva bela e jovem é atacada por uma doença misteriosa que parece extrair o sangue de suas veias. Por trás de tudo, a força sinistra que ameaça suas vidas: Conde Drácula, o vampiro vindo do fundo dos séculos.




Foram anos de crença, esse anos rebeldes. Acreditava-se no homem e no mundo, no marxismo e na psicanálise, na política e na moral, e tinha-se fé na Revolução que ia mudar o país, a Terra e a humanidade. Foram anos generosos. Por isso, revivê-los hoje é quase uma obrigação cívica, além de necessidade histórica, Não é por nostalgia, mas por pedagogia, que vale a pena mostrar aos nossos tempos de razão cínica, memória curta e amnésia crônica que houve uma época - tão próxima e moralmente tão distante - em que uma geração viveu a política como ética, a paixão como valor e o sonho como realidade. Existe hoje coisa mais nova? Olhar para ele não é voltar atrás: é criticar o presente.
"Anos Rebeldes" é uma fascinante viagem por esse passado recente que a ditadura militar tentou apagar da memória coletiva. O seu pano de fundo é a História, mas é a ficção que conduz a trama. O entrosamento entre as duas, ficção e História, consegue devolver aquilo que, a meu ver, é a melhor matéria-prima produzida e legada pelos anos 60: o casamento da emoção com a ética. Quem viveu, verá. Gilberto faz isso como mestre.
Aliás, já está na hora de se deixar de lado as restrições mentais e elitistas e a inveja do sucesso alheioe reconhecer que Gilberto Braga é realmente um craque, é um dos nossos melhores criadores. Fez a desconstrução crítica do país do vale-tudo, a construção sonhada dos anos dourados e agora a reconstrução histórica, rigorosa, mas sobretudo, amorosa, do Brasil dos anos rebeldes. 

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