sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Grandes obras - Os Ratos

Dyonelio Machado, nascido em Quaraí-RS e psiquiatra pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, publicou a obra "Os Ratos" em 1935, uma das mais importantes dentro do contexto literário brasileiro. Ganhou o Prêmio Machado de Assis.


"Os Ratos" tem uma linguagem simples, direta, econômica, onde não transparece nenhuma empolgação, apenas a angústia do protagonista Naziazeno em resolver seu problema. Descreve uma sociedade contemporânea preocupada com o dinheiro. Retrata a realidade e a mesquinhez dos personagens, através do discurso direto ou indireto. A obra se enquadra no movimento modernista brasileiro, que tem como característica o linguajar simples, coloquial, direto, sem rodeios, nem sentimentalismo. Outra característica é o tempo de ação. A história se baseia em 24 horas de angústia e preocupação em arranjar o dinheiro para quitar a dívida com o leiteiro.
Dyonelio Machado era comunista e critica nessa obra a existência alienada do homem no capitalismo. Revela profunda pesquisa que o autor faz do individual, saindo da parte para chegar ao todo. Faz uma descrição microscópica de gestos, idéias, pensamentos e impulsos dos personagens. Através da influência de Freud em sua formação psiquiátrica, ele sabe que é através dos pequenos traços que iluminam as atitudes, ações, e comportamentos do ser humano, onde os valores dissolvem e perdem o sentido. Trata-se de uma leitura complexa onde o narrador semeia os vestígios e o leitor se converte em investigador.
O autor retrata o problema enfrentado por Naziazeno e o leiteiro que entrega o leite que alimenta seu filho Mainho. Por falta de pagamento por vários dias consecutivos, o leiteiro adverte a esposa de Naziazeno, Adelaide, que ele terá apenas mais um dia para quitar a dívida de 53 mil réis referente ao leite da criança e deixa um recado "Lhe dou apenas mais um dia". A esposa apavorada recorre a Naziazeno que não tem meios para resolver o problema.

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