Alunos que leem mais e de modo diversificado na internet têm desempenho melhor em leitura
Atenção pais e professores: a internet ajuda a melhorar o desempenho em leitura. A conclusão é do Pisa, exame internacional que avalia as habilidades em leitura, matemática e ciências de estudantes na faixa dos 15 anos.
É claro que o estudo não se refere às fofocas no Facebook nem aos jogos na rede. Mas atividades como ler e-mails e notícias, participar de grupos de discussão, usar dicionários e fazer pesquisas são citadas como benéficas.
Luciana Allan, superintendente do Instituto Crescer, lembra características da internet que fazem a diferença. "Ter acesso a informações de diferentes fontes, poder comparar ideias e interagir em uma discussão faz com que você tenha uma maior apropriação da informação e seja um leitor mais crítico."
O Pisa, que é organizado pela OCDE (países desenvolvidos), comparou o desempenho em leitura dos alunos que leem menos on line com os que leem mais (e leem material variado) e concluiu que o hábito de ler na internet explica 8% do aumento da nota dos alunos brasileiros. Na média dos países da OCDE, esse valor é de 3%.
"Provavelmente, isso acontece porque, nos países da OCDE, o acesso à leitura por diferentes meios é muito fácil e intenso. Portanto, ler na internet não faz diferença", diz Betina von Staa, coordenadora de pesquisas da Positivo Informática.
"No Brasil, para muitos jovens, essa deve ser a única fonte de leitura ou, pelo menos, de leitura prazerosa - e o acesso à internet acaba melhorando as habilidades de leitura como um todo."
Simone André, do Instituto Ayrton Senna, diz acreditar que, na rede, como o aluno tem uma finalidade definida para sua leitura, isso facilita a compreensão.
Já Cláudio Baron, professor do Franscarmo (zona leste de São Paulo), pensa diferente. Para ele, a internet melhora a velocidade da leitura, mas não a interpretação. Outra desvantagem, diz Adriano Silva dos Santos, professor do Santa Maria (zona sul), são as distrações. "As janelinhas do MSN ou do e-mail que chegou vão tirando a atenção."
A maioria dos educadores ouvidos, no entanto, é favorável ao uso da tecnologia. "Sempre combati a visão que a internet empobrece a leitura", diz José Ruy Lozano, coordenador de português do Santo Américo e do Augusto Laranja (zona sul).
Professor da Castanheiras (Grande São Paulo), Luis Henrique Junqueira achou um modo de usar a tecnologia para estimular a produção de textos.
Cada aluno do sexto ano produziu um livro. Os capítulos foram corrigidos em videoaulas, enviadas por e-mail ou salvas em pen drive. Junqueira gravava explicações de como melhorar cada trecho. Ao mesmo tempo em que ouvia a voz do professor, o aluno via na tela as marcações feitas no texto.
"Cada aluno tem seu ritmo. Com a videoaula, ele pode ouvir e ler de novo."
No caso de Cristina Lembo, 17, a internet foi o ponto de partida para que ela publicasse, aos 16 anos, o livro "A Última Lágrima". Aos 13, a estudante começou a escrever em um site sobre o bruxinho Harry Potter. Suas histórias chegaram a ter 2000 leitores. "O apoio que recebi na internet, me deu confiança."
por Fabiana Rewald
Folha de São Paulo - 13/12/2010
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